Rafinha Bastos é um gaúcho judeu colorado jornalista comediante que já foi jogador de basquete na Liga Universitária dos Estados Unidos. Gaúcho de Porto Alegre, judeu não-praticante, colorado nostálgico, jornalista engraçadinho e comediante mal-humorado. E o basquete, em parte, explica-se pelos dois metros de altura.
Formado pela PUCRS, ele já trabalhou aqui pela RBS, na TVE e na Manchete (sim, na época em que ela ainda existia). Depois, foi para fora estudar e jogar basquete. Não só fez isso, como também, para manter sua rede de relacionamentos com o povo daqui, criou a Página do Rafinha na internet, que em pouco tempo se tornou hit por causa dos vídeos-sátiras, numa época em que o Youtube ainda era um sonho. Também lá ele teve contato com a stand-up comedy, a “comédia de cara limpa”, que levou à fama nomes como Woody Allen, Tom Hanks e Jim Carrey.
Foi em São Paulo que Rafinha começou nos palcos com a stand up comedy, em 2004. Hoje ele faz parte do Clube da Comédia e gira o Brasil com A Arte do Insulto, apresentação que trouxe ao Teatro da AMRIGS recentemente. Claro, também tem o Custe o Que Custar (CQC), programa de TV da Band que estreou no início do ano e virou mania principalmente entre os jovens, misturando humor e jornalismo, sem rótulos.
Na entrevista a seguir, Rafinha lembra da vida em Porto Alegre e fala um pouco sobre essa fase CQC da carreira. Só não perguntamos a idade do moço – mas dá para calcular pelas trocentas coisas que ele já fez.
Digamos que a stand up comedy esteja "na moda" atualmente aqui no Brasil. A que tu atribuis essa onda? Além do Youtube, que auxilia muito, mais alguma coisa ajuda?
A stand-up comedy é uma forma de fazer comédia muito dinâmica. São muitos motivos para rir a cada 15 segundos. A stand-up é criativa, simples e rápida... por isso o sucesso.
Nesse sentido, tu achas que o CQC ajudou a divulgar a stand up comedy, visto que três dos integrantes do programa são comediantes?
Sim... Sem dúvida. A televisão populariza as pessoas e, por conseqüência, seus trabalhos. A web fez a stand-up estourar, o CQC fez ela se popularizar ainda mais.
Complementando a pergunta anterior, tu recentemente estiveste aqui para apresentar A Arte do Insulto. Sobre o teu público, tu notas que continua o mesmo ou o programa traz curiosos?
Mais gente vai aos meus shows devido à divulgação na web do que por causa da TV. A televisão me possibilitou falar para um público novo, mas ninguém sai de casa apenas por curiosidade. Quem paga pra me assistir, quer me ver num bom trabalho. Se curiosidade desse dinheiro, o Leão Lobo era bilionário.
No programa, vocês sempre brincam a respeito da tua origem judia. Ao mesmo tempo, tu não parece muito ortodoxo. Afinal, tu és judeu? Na Wikipedia diz que teu sobrenome é Oxman... Tu te criou no Bom Fim, estudou no Israelita e coisas do gênero?
Caramba! Agora eu vi. Na Wikipedia tá escrito que meu nome é: Rafael de Medeiros Oxman. Meu nome nunca foi esse. Meu nome é Rafael Bastos Hocsman. Não vou à Sinagoga e nem morei no Bom Fim. Não sou nada ortodoxo. Na verdade sei muito pouco sobre o judaísmo, o que é uma vergonha.
Tu foi embora porque o jornalismo não tava dando dinheiro por aqui? Não sentes saudades ?
Não fui pra São Paulo atrás de dinheiro. Deixei as pessoas que eu amava para buscar oportunidades profissionais que tivessem mais a ver comigo. Não sinto falta da cidade, sinto saudade das pessoas que fizeram parte do meu cotidiano.
Tu vives falando no Inter lá no CQC. Tu era daqueles torcedores de ir ao Beira-Rio ou só ficou nostálgico por causa da distância?
Hahahaha. Na verdade eu já fui muito colorado. Até a adolescência eu simplesmente não perdia um jogo do Inter. Até que uma vez, no começo dos anos 90, nós conseguimos ser eliminados de uma Libertadores na primeira fase (do grupo de 4 times, 3 se classificavam). Fiquei muito triste. Nunca mais torci da mesma forma, mas até hoje me pego chorando na frente da TV quando ganhamos um título importante.
Falando nisso, como era a tua vida em Porto Alegre? Eras um clássico morador que vai tomar chimarrão na Redenção no domingo de solaço?
Morei na rua Gonçalves Dias, no bairro Menino Deus;
Estudei no Nossa Senhora de Lourdes e no IPA;
Namorei 3 gaúchas muito legais (Tininha, Ana Cláudia e Schana);
Joguei basquete durante anos na Sogipa;
Fui muitas vezes ao Dado Bier antes das 20h pra não pagar consumação.
Meu passado está todo em Porto Alegre e tenho muito orgulho disso. Fui muito feliz nesta cidade.
Nesse tempo tu já trabalhava com teatro, com comédia, ou apenas queria ser um bom jornalista?
Eu sempre quis fazer comédia, mas também queria fazer TV. Não tinha idéia de como fazer isso. O CQC tinha que acontecer.
Sobre o CQC, todo mundo diz que trouxe "novos ares" ao jornalismo no Brasil. Mas o programa tem mais cara de humorístico do que de jornalístico (tanto que muita gente compara ao Pânico). O que é o CQC, no fim das contas?
A divisão das atrações da TV em "gêneros" é o grande motivo do marasmo que se instalou no veículo. O telejornal, a novela e os programas de auditório são repetitivos porque as pessoas precisam entender exatamente o que eles são. O CQC quebra estes paradigmas. Este é um dos grandes motivos do sucesso do programa.
Em contrapartida, se existe um quadro "sério" no CQC, podemos dizer que é o Proteste Já, que tu comandas. Tu alfinetas bastante os políticos (principalmente secretários municipais) no quadro. Já sofreu alguma ameaça por conta disso? Ou até eles levam na brincadeira?
Já sofri ameaças, processos, elogios, tudo o que você pode imaginar. A reação das pessoas quando estão sob pressão é imprevisível e muitas vezes bem divertidas.
O teu quadro novo, o Cadeia de Favores, já é uma coisa mais "meiga". E tu mostras um lado bem diferente do cara que faz piada com tudo. Foi tua a idéia do quadro?
Olha... Eu sou um cara muito meigo, viu?! Minha mãe pelo menos acha. Este quadro já tinha rolado no CQC argentino. Inclusive o produtor que fez o Cadeia de Favores por lá, foi o que fez aqui comigo. Foi muito emocionante para todos nós vermos a reportagem no ar. Foi muito trabalhosa. A produção fez um trabalho maravilhoso.
Por fim, seria legal se tu aproveitasses e mandasses um beijo pro Tio Nelson...
Tio Nelson: Eu te amo... Seu sapequinha.
2 Comments:
olá queria parabenizar seu blog, pelas entrevistas e principalmente pelas fotos colocadas.
Como elas são feitas? vocë é jornalista?
Abraço
Mönica
sou tua maior fa
te amo muito vc e meu idolo
I Love You... ass:Kelly
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